A presente dissertação é fruto de um estudo da performance da Suça na cidade de Natividade, estado do Tocantins. A Suça é uma performance negra que envolve dança, canto e percussão de tambores entre outros instrumentos e acontece na região de colonização mineradora, no centro e sudeste do Tocantins e norte de Goiás. No contexto deste trabalho, a Suça de Natividade foi analisada como uma manifestação de “encruzilhada” na intersecção entre o batuque do negro e a devoção cristã. De um lado a Folia do Divino Espírito Santo, contexto em que a Suça frequentemente acontece, como herança das festas do Brasil Colonial. De outro lado, os batuques, forjados no bojo da cultura afro-brasileira, tais quais os Jongos do Sudeste e o Tambor de Crioula do Maranhão, que nesse trabalho são evocados como estratégia de criação de nexos para compreensão da Suça como batuque. A experiência etnográfica com a Suça, os suceiros e a Folia do Divino Espírito Santo de Natividade é narrada com a licença poética de uma pesquisa de campo que, por sua centralidade no corpo, teve caráter de vivência estética.