APRESENTAÇÃO
Idealizado pelo coletivo Arte e Memória- Projetos Culturais, e de proponência da Associação dos Foliões de Monte do Carmo, o projeto Canto das Folias do Divino de Monte do Carmo, aprovado no edital Rumos Itaú Cultural 2015, apresenta CD e caderno de partituras com os cantos, rodas e suças que compõem o ritual dos Giros das Folias do Divino Espírito Santo, festa religiosa da cidade de Monte do Carmo, Tocantins.
Do início do século XVIII, esta cidade tem como traço marcante a conservação do seu patrimônio imaterial, que se traduz nas festas a Santos Reis, São Sebastião, Nossa Senhora do Livramento, Nossa Senhora do Carmo- a padroeira, Nossa Senhora do Rosário e ao Divino Espírito Santo. Estas três últimas acontecem em julho, na Festa Geral do Carmo, quando se apresentam também os grupos de taieiras, congos e tambores, em homenagem a Nossa Senhora do Rosário.
Em Monte do Carmo todas as festas são significativas, mas a maior reverência é ao Divino Espírito Santo, homenagem que começa com a saída das folias no Domingo de Páscoa. Duas folias saem em giro: a de cima e a de baixo. A de cima gira em direção ao sertão, pousando nos sítios e fazendas, e a de baixo, em direção a Palmas, capital, visitando o sertão e a cidade. Cada folia, composta por 12 ou mais foliões, sai em jornada para evangelizar e pedir donativos para a Festa ao Divino Espírito Santo. Transitando entre o sagrado e o profano, na batida da caixa, da viola e do pandeiro, os giros das folias expressam também a ideia de festa, de uma folgança, momento de confraternização e alegria que diverte o espírito fatigado.
Nas folias, os cantos são considerados sagrados. Os toques da caixa identificam os rituais a serem realizados: o canto da licença pede a acolhida; o canto do curral abençoa as criações; o da esmola agradece a dádiva recebida; o do bendito se faz em agradecimento às refeições e o canto da despedida anuncia a retirada dos foliões.
Rodas e suças são músicas profanas. As rodas são canções criadas pelos próprios foliões, sobre o seu dia a dia no Giro, cantadas ao som do pandeiro, da viola e do sapateado. As letras das músicas da suça, assim como os cantos sagrados são de domínio público, passados de geração a geração. Ao som de pandeiros e violas, a suça é o último momento do rito, a pura diversão, onde todos que estão no Giro têm permissão para entrar na roda. São trinta dias de uma convivência constante, uma honraria oferecida a um ser divino, uma celebração que preserva a identidade dessa comunidade (Extraído do encarte- Coletivo Arte e Memória- Projetos Culturais).