Espaços preenchidos de vazio (Álbum)

Composições de Heitor Oliveira para flauta, clarineta, trompete, sax tenor, trombone, violões, percussão, piano e vozes

O processo de criação do repertório apresentado neste CD foi iniciado nos anos de 2008-2009, quando fui contemplado com a Bolsa de Estímulo à Criação Artística- Música Erudita (FUNARTE, 2008). Esse período de trabalho culminou com a criação da Suíte Contraponto de Encontro, série de peças de curta duração para agrupamentos variados. A obra teve sua estreia parcial na XVIII Bienal de Música Contemporânea (Sala Cecília Meirelles, Rio de Janeiro), em outubro de 2009. Em 2012, o Patrocínio do Banco da Amazônia S.A. e o apoio da Fundação Cultural de Palmas, do SESC Tocantins e da Universidade Federal do Tocantins proporcionaram as condições para o registro fonográfico.
Mesmo correndo o risco inevitável de simplificação (ou contradição), destaco aqui alguns aspectos do processo de criação das peças. Dois desafios auto-impostos inicialmente condicionaram escolhas sonoras e estéticas. Primeiro, a proposta de escrever para intérpretes de diferentes formações e vertentes. Segundo, a busca pela concisão como uma forma precisa e efetiva de brevidade. Jogos pré-composicionais e interpretativos são explorados em Embalagem, uma matriz de ideias com inúmeras possibilidades de realização e nos Estudos em Movimento, roteiros para improvisos coletivos. Os mesmos jogos fundamentam polirritmias, mudanças repentinas e a escrita eminentemente camerística de Dois Aforismos de Memória, Tribomba e demais peças.
Os textos de Provérbios (bíblicos) e Aperitivos (de autoria de Thiago Ramos), cada um à sua maneira, revelam relações entre sabedoria e ironia. E como o senso de humor mais autêntico é rir de si mesmo, a ironia transparece também nas peças instrumentais, principalmente Capitão Tijolo/FX e Espaços preenchidos de vazio.
Para além de aspectos técnicos e poéticos, esse repertório foi criado para proporcionar encontros. Encontros temperados pelo familiar e pelo inusitado. Encontros entre intérpretes que raramente tocam juntos. E deles com as minhas propostas composicionais. E, agora, dessas propostas e interpretações com o público (por Heitor Oliveira. Extraído do encarte)